Moçambique é um país com alta carga de Tuberculose (TB) no geral, alta carga de co-infecção TB-HIV e com alta carga de TB resistente a medicamentos (TB-MDR), com menos de 3.5% em casos novos e cerca de 11% de casos previamente tratados deste tipo de TB, estando no grupo dos 20 países que contribuem com cerca de 80% de toda a tuberculose que há no mundo.
Estes dados foram avançados na última sexta-feira, 17 de Março, pelo chefe do Programa Nacional de Controlo a Tuberculose, Ivan Manhiça, no seminário organizado pela Faculdade de Medicina da UEM em colaboração com o Ministério da Saúde e os Médicos Sem Fronteiras (MSF), subordinado ao tema “Os desafios da Tuberculose em Moçambique”, no quadro da antecipação da celebração do Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose que se assinala a 24 de Março.
Manhiça precisou que a epidemia do HIV tem estado a influenciar a incidência da tuberculose sendo que os dados de 2009 de INSIDA referentes ao inquérito nacional de prevalência do HIV mostravam que a taxa de prevalência ascendia os 11% e as províncias que mais casos de TB notificam são as que tem maiores prevalências do HIV.
No que diz respeito a incidência de TB-HIV, portanto, pacientes com TB mas que estejam infectados pelo HIV, não obstante os números assustadores, Moçambique registou um decréscimo. Se a poucos anos 56% dos pacientes com TB tinham HIV, os dados de 2016 mostram 44%, uma redução que foi se verificando ao longo dos anos.
Prosseguindo, Ivan Manhiça revelou que o número de mortes é também elevado uma vez que juntando casos de pacientes co-infectados com TB-HIV, estima-se que cerca de 34 mil pessoas morram anualmente por causa da TB. “É preciso salientar que são estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) baseadas nas notificações de números de casos que o país fornece pois o país ainda não realizou um estudo de prevalência de TB ”.
A OMS estima que Moçambique tinha em 2015 cerca de 154 mil casos de TB e neste ano o país notificou 73 mil casos, facto esse que para Ivan Manhiça significa que 50% dos casos de TB ainda não estão a ser diagnosticados.
Para Manhiça, a co-infecção TB-HIV é um dos maiores desafios que o país tem pois a epidemia da TB tem a tendência de seguir a de HIV e os números mostram que as áreas onde se tem maior carga de HIV são as áreas que se tem alta carga de TB.
Refira-se que a tuberculose é uma doença infectocontagiosa que afecta principalmente os pulmões, mas também pode acometer órgãos como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro).
Pessoas com HIV/SIDA, diabetes, insuficiência renal crônica, desnutridas, idosos doentes, alcoólatras, dependentes de drogas e fumantes são as pessoas mais propensas a contrair a tuberculose.
A transmissão da tuberculose ocorre de forma directa, de pessoa a pessoa. O doente expele, ao falar, espirrar ou tossir, pequenas gotículas de saliva que podem ser aspiradas por outro indivíduo.