quinta-feira, 28 de junho de 2018

Seis portadores de albinismo concorrem nas próximas eleições gerais no Malawi

Seis portadores de albinismo vão apresentar-se como candidatos nas
próximas eleições gerais no Malawi, previstas para o próximo ano,
para denunciar os preconceitos e a violência que atinge essa
comunidade há anos.
Membros da Associação de Pessoas Albinas, APAM, os seis
candidatos vão disputar ou um assento no Parlamento ou um lugar
dos conselhos municipais do país.
"Isso é um progresso, porque um dos factores que contribuem para as
violações dos nossos direitos é justamente a nossa invisibilidade",
disse à agência de notícias francesa AFP o director da associação,
Overstone Kondowe.
"No passado, nunca participamos activamente da vida política, do
desenvolvimento do país ou das decisões do Governo", declarou
Kondowe.
Para o activista, as eleições são "uma maneira de quebrar esse muro e
colocar alguns dos seus membros em instituições que tomam
decisões".
Todos os anos em África, os albinos são caçados, mortos e os seus
membros são amputados e usados para rituais que deveriam trazer
riqueza e sorte.
Este fenómeno desenvolveu-se particularmente nos últimos anos no
Malawi, onde todos os anos são contabilizados dezenas de ataques
que visam nomeadamente as crianças muito pequenas.
A APAM relatou um total de 148 casos de violência contra albinos
desde 2014, incluindo 22 assassínios.
Apenas 44 desses casos foram objecto de uma investigação judicial e,
segundo a associação, 90% dos casos foram arquivados em por falta
de provas ou resultaram em absolvição.
"Há uma clara relutância do Governo em agir", afirmou Overstone
Kondowe.
"Na minha opinião, o interesse manifestado por estes candidatos pela
política deve-se à tomada de consciência dos seus direitos (...) e à
sua frustração em esperar que alguém tome decisões em seu favor",
sublinhou ainda.
A Amnistia Internacional denunciou esta quinta-feira a inacção do
Governo do Malawi face aos crimes contra albinos.
"As autoridades devem imediatamente pôr fim à impunidade de que
gozam os autores desses crimes. Eles devem primeiro garantir que
todas as investigações sejam conduzidas sem demora", disse num
comunicado o chefe da Amnistia Internacional para a África Austral,
Deprose Muchena.
Segundo a APAM, quase um terço da violência contra albinos no
continente africano ocorre no Malawi.
Fonte: (RM-NM)

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